Imagem no paint por, Kurt Rafinha; Aplicação de efeito PhotoFiltre por Emily Cobain.
- Um filho do outro lado.
No meu primeiro contato com a escuridão,
ouvia as vozes me chamndo.
No primeiro raio de luz que avistei,
senti meus olhos dilacerarem.
Eu não poderia partir, deixar pra trás
aquelas doces vozes que me acolheram.
Jamais sairia outra vez da escuridão, pra voltar
aonde os mesmos olhares julgadores me crucificavam.
Eu sou o filho daquela chama que queimou no dia
sagrado, e você pensou ser Deus me punindo.
Eu sou o filho da face que o manto encubrira,
diante do juiz desordenado frente aos seus seguidores.
Agora então, tenho o pai que pedi em todas
as vezes que fechava os olhos.
Agora, eu posso mantê-los abertos sem medo,
pois tudo à minha volta é sombra.
Sem murmurinhos, risos amarelos, testas franzidas,
sermões de salvação ou mesmo, cores.
Me buscou com seus longos braços envolventes naquele
dia, que me perseguiram com tochas.
Eu vi o sangue nos olhos juntamente com a áurea trevosa,
quando fui abraçado pela noite eterna.
Agora diante dos mesmos olhos que dessa vez tremulam
e lacrimejam sentindo o horror que um dia causaram.
Eu vos rogo a maldição da dor negra que vivi durante
esse tempo, e do meu manto ergo o punhal da vida.
Diante de todos aqueles olhos, eu finco em glória o
memso punhal, e eu morro, e morro.
Mil vezes morro derramando sangue sobre este solo o qual
amaldiçoa a vida dos que pisarem neste.
E as portas do jardim se abrem para mim estendendo uma longa
trilha de grama verde.
Deixo pra trás, uma morta e obscura trilha de espinhos
pontiagudos e venenosos para os que tentarem me seguir.
E adiante vocês lembraram de mim como a própria sombra,
e em seus dias de dor me farão eterno.
